Luiz Gonzaga se destacou pela sua originalidade e por exaltar aspectos regionais da cultura, fauna, flora e ritmos de sua terra. Nascido em Exu, Sertão de Pernambuco, foi pra mim um grande músico, e sem dúvidas um dos maiores nordestinos que existiu, e através de sua música e poesia, mostrou o drama vivido pelo homem do Sertão. Em Homenagem ao centenário do nascimento de Luiz Gonzaga, que ocorreu em 2012, o nosso Blog vai realizar uma série de postagens sobre aspectos geográficos da obra de Gonzagão. Temas como: Bioma Caatinga, Demografia no Brasil, Fome, Seca, Hidrografia e etc... serão postados semanalmente. Afinal de contas, Luiz Gonzaga também foi um grande apaixonado pela geografia.
Mandacaru
Quando fulora na seca
É o sinal que a chuva chega
No sertão
(Luiz Gonzaga)
Biodiversidade da Caatinga
Durante muito tempo, a Caatinga foi considerada pobre em biodiversidade e sua riqueza subestimada, o que a levou a ser o bioma menos valorizado e conhecido do país. É a região semiárida mais rica em fauna e flora do mundo, e que contêm um número elevado de endemismos, ou seja, de espécies que não são encontradas em nenhuma outra parte do mundo.Por esse fato, recentemente a Caatinga foi reconhecida como uma das 37 grandes regiões naturais do planeta, conforme a Conservation Internacional, ao lado da Amazônia e Pantanal, que devem ser conservadas e protegidas.
Distribuída por 9 estados da federação: Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Bahia e norte de Minas Gerais, a Caatinga está sob a influência do clima semiárido, que possui precipitação média de 800 mm por ano, concentrada em 3 a 5 meses do ano (chamada de estação chuvosa), ficando o restante dos meses sem chuvas (período seco). A temperatura é elevada variando entre 25 a 30°C, em média. A maioria dos rios é intermitente, ou seja, só possuem água corrente no período das chuvas, tendo seu curso interrompido durante a seca.
FRAGILIDADES
Apresar da rica biodiversidade comprovada, a Caatinga sofre muitas ameaças. A pressão populacional é grande, sendo uma das regiões semiáridas mais populosas do mundo. Os habitantes da Caatinga (cerca de 28 milhões) dependem dos recursos naturais para abastecimento de água, regulação do clima, fertilidade do solo, entre outros serviços ambientais.
As drásticas modificações sofridas pela Caatinga decorrem desde o período colonial, onde o homem estabeleceu um relação de exploração, com a extração irracional da cobertura vegetal.
Folhas modificadas em espinhos do Mandacaru(Cactáceas) e folhas da pequenas da catingueira ( microfilia)
A flora da caatinga é tão marcante na paisagem que dela derivou o próprio nome do bioma (caatinga, do tupi = mata branca), assim chamada pelos índios pela sua característica marcante, a de perder as folhas no período de estiagem exibindo um emaranhado de troncos tortuosos e esbranquiçados.
A vegetação, na maioria das vezes, apresenta uma forma arbustiva, composta por espécies lenhosas de baixo porte (geralmente até 5 m de altura) entremeadas por cactáceas e bromélias terrestres, porém a caatinga compreende também uma forma de vegetação de porte mais elevado e denso que é a chamada caatinga arbórea, com espécies de mais de 20 metros de altura, raríssimas atualmente devido a exploração histórica desenfreada.
Adaptações das plantas Para sobreviver ao período seco do ano, as espécies vegetais da caatinga desenvolveram estratégias como xerofilia (tolerância a seca), microfilia (folhas pequenas) ou transformadas em espinhos para evitar a perda de água, suculência e presença de raízes tuberosas para armazenamento de água, o que permite a rebrota da planta mesmo após longos períodos de falta de água ou mesmo intervenções antrópicas.
A mesma floresta no período seco e chuvoso
Riqueza As formas de vida vegetal são das mais variadas e com uma rica biodiversidade e endemismo. São encontradas não só espécies arbóreas e arbustivas como também herbáceas, lianas e principalmente cactáceas. Os estratos arbóreos e arbustivos, que dão a feição característica da caatinga, têm como família de maior diversidade a Leguminosae, como exemplo temos: a catingueira (Caesalpinia pyramidales); o sabiá (Mimosa caesalpiniifolia); o angico (Anadenanthera colubrina); as juremas preta e branca (Mimosa tenuiflora e M. artemisiana) entre outras. Espécies arbóreas raras hoje na paisagem e de grande valor são: Ipê roxo (Tabebuia impetiginosa) e cumaru (Amburana cearensis); aroeira (Myracroduon urundeuva), sendo a última pertencente à lista oficial de espécies brasileiras ameaçadas de extinção. Nesse estrato encontramos ainda a palmeira endêmica e símbolo do Ceará, a carnaúba (Copernicia prunifera) que possui grande valor cultural e econômico.
A conservação de toda essa rica biodiversidade de formas vegetais da caatinga possibilitará a permanência de uma fauna igualmente rica, que depende direta e indiretamente dos recursos vegetais e da geração de diversos serviços ambientais diretos e indiretos, assim como são essenciais para uma sadia qualidade de vida do homem e para a manutenção do equilíbrio do planeta.
Fonte: http://www.acaatinga.org.br/